A invenção da televisão provocou o surgimento da chamada “sociedade do espetáculo” (Guy Debord), a qual se difundiu e se intensificou pelo surgimento da internet. Nessa sociedade, há uma supremacia do parecer sobre o ser, pois as pessoas partem do pressuposto de que “a imagem é tudo”. Assim, se uma empresa consegue vender o seu produto por uma avançada técnica de marketing, ela é parabenizada independentemente da qualidade real daquilo que apresenta. A astúcia é homenageada, não a sinceridade.
Essa sociedade do simulacro, por certo, se encantaria com as técnicas de Satanás no Éden. Ele tomou a forma do animal mais belo do campo (a serpente passou a ser rastejante e repugnante por uma maldição divina somente após a queda do homem), alimentou a curiosidade de Eva pela fala articulada em uma criatura irracional e criou toda uma ilusão sobre os benefícios do fruto proibido. Enfim, ele vendeu o seu produto. Para uma cultura da imagem e do marketing, ele seria considerado formidável independentemente do desastre resultante do pecado.
Os jovens de hoje não têm mais heróis em quem se espelhar. Eles cultuam as celebridades, projetando os seus sonhos no sucesso delas. As energias psíquicas que deveriam servir à luta contra a corrupção e a decadência moral são perdidas pelos jovens em jogos eletrônicos através dos quais eles forjam as suas pseudobatalhas.
O culto à imagem é também o culto do movimento e do entretenimento. As pessoas que perdem o dia na internet (inventando perfis, conversando asneiras em redes sociais, etc.) ou na TV a cabo (mudando de canal a cada cinco minutos) não estão preparadas para a leitura intensa e a pesquisa disciplinada. O resultado é a existência de inúmeras crianças hiperativas, incapazes de concentração nos estudos. Para tornar a aprendizagem “interessante” a uma geração inquieta, o entretenimento passou a ser um método. A educação utiliza imagens em movimento, os alunos levam tablet para a sala de aula e os professores devem produzir um show para ganhar os alunos.
Nesse contexto, os bons professores, que têm amplo conhecimento adquirido pelo hábito de estudo, mas que ainda continuam a prestigiar a oralidade (lembremos que Deus criou o mundo pela Palavra), são substituídos pelos falsos educadores, incompetentes e superficiais, que escondem a sua ignorância em slides projetados através de Data Show e dinâmicas de grupo.
O entretenimento na educação começou no ensino lúdico das crianças (algo recomendado pelo próprio Lutero para os pequenos), mas houve uma propagação da infantilização para o ensino médio e, finalmente, a situação alcançou as universidades. Agora, temos alunos viciados em estímulos mecânicos, incapazes de desenvolver um estudo solitário. Os novos discentes não conseguem mais ler sequer um livro até o fim.
As instituições de ensino superior criaram formas de aprovar pessoas sem méritos acadêmicos através de pontuações gratuitas em atividades de “entretenimento educacional” ou do sistema de correção de provas com questões “abertas”, onde qualquer coisa escrita (ainda que incongruente com a pergunta ou auto contraditória), pode ser considerada parcialmente certa.
Alunos que não podem ser reprovados e filhos que não podem ser disciplinados, numa sociedade relativista e amoral, é o início do fim de tudo que é honrado e digno.
No passado, enquanto os pagãos prestigiavam os ídolos, os antigos hebreus reverenciavam a palavra divina. Os “deuses” gregos eram cheios de vícios, mas o Deus de Israel estabeleceu preceitos morais elevadíssimos. O cristianismo antigo deu ordem moral ao caos gerado pela queda do império romano através da evangelização e conversão dos bárbaros. A Reforma protestante, através da imprensa, promoveu a leitura da Bíblia e a alfabetização dos povos, trazendo grandeza cultural e econômica para os Estados Unidos e para o norte da Europa. O cristianismo evangélico clássico ainda tem um grande papel a desempenhar na educação!
Prof. Glauco Barreira Magalhães Filho
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